De 24 de maio a 1º de junho, a Semana Mundial do Brincar mobiliza escolas, famílias e comunidades em todo o país para um tema urgente e delicado: “Proteger o encantamento das infâncias”. A iniciativa, promovida pela Aliança pela Infância, convida os adultos a desacelerar e a olhar para o brincar como um direito essencial, e não como um luxo ou passatempo.
Em um mundo acelerado, digital e competitivo, muitos pais se veem diante de uma dúvida recorrente: “Como brincar com meus filhos?”. Para muitos adultos, o brincar parece exigir criatividade ilimitada, brinquedos elaborados ou conhecimentos pedagógicos. O medo de “fazer errado” ou “não saber entreter” faz com que momentos preciosos acabem sendo perdidos.
Mas, segundo especialistas, essa é uma visão equivocada. “Basta estarem disponíveis com atenção e afeto. Portanto, quando você se senta no chão para montar uma torre, inventa uma história ou simplesmente observa seu filho brincar, você está oferecendo exatamente o que ele mais precisa: você. O Brincar é mais do que diversão. É um modo de ser da criança. É quando ela experimenta o mundo, expressa emoções, resolve conflitos e constrói vínculos”, explica Carolina Segala Daré, pedagoga e coordenadora da Educação Infantil na FourC Bilingual Academy, em Bauru (SP).
O brincar como linguagem e vínculo
Para a educadora, a brincadeira é uma forma legítima de comunicação da criança com o mundo. Ao brincar, ela expressa emoções, experimenta papéis sociais, testa hipóteses, constrói sentidos. “É um modo de ser. Quando um adulto se permite ser convidado para esse universo, com respeito e abertura, cria-se um vínculo forte, sem cobrança de desempenho ou resultado”, afirma Carolina.
E mais do que isso: brincar é um ato de resistência ao crescimento precoce. Em tempos em que tantas pressões cercam a infância, manter o espaço do imaginário vivo é também garantir saúde emocional. “A infância não pode ser apressada. O brincar livre é uma forma de preservar esse tempo único de descoberta”, diz.
Brincadeiras simples, impactos profundos
Ao contrário do que se imagina, não são necessárias grandes produções. O que a criança valoriza é a presença verdadeira. A própria rotina pode virar cenário para brincadeiras ricas em significado:
- Cabaninhas de lençol: além de divertidas, criam um espaço de acolhimento simbólico e estimulam a imaginação.
- Massinha caseira: desenvolve a coordenação motora e convida à criação livre.
- Contação de histórias: amplia o vocabulário, desperta a escuta ativa e cria um momento de conexão afetiva.
- Brincadeiras da infância dos pais: amarelinha, roda, pega-pega ou telefone sem fio ajudam a construir pontes entre gerações.
- Cozinhar junto: escolher ingredientes, mexer a massa ou montar um prato são formas de aprender sobre colaboração, medidas, paciência e autonomia.
“O mais importante é que a criança se sinta vista e escutada. Não se trata de entreter, mas de estar junto, no mesmo ritmo, na mesma fantasia, no mundo que ela cria, mesmo que seja só por alguns minutos”, reforça Carolina.
A Semana Mundial do Brincar traz um convite para que pais e responsáveis se reconectem com esse gesto essencial. Mesmo em tempos desafiadores, ainda é possível reservar pequenos momentos para o lúdico.
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